Torpor

Por que sois sóbrios se são escarnecidos

Cada dia que se passa tendo tanto pra falar

Mas calas ao invés de estar atordoados

Feridos pela dor por pouco sussurrar?

Então gritas não tendo muito pra calar

Sem se importar com tantos esquecidos

Estando sós, ao menos comovidos

Se se importam se a vida então passar...

Torpor, por que vens nessa hora alucinada

Escolher o que pensar e até o que falar

Então dizes que tu és loucura a bradar

Que vem sofrida, iludida, abastada...

Não sofras, não, não sofras nunca mais,

Não vale à pena tanto choro derramado

Se a lágrima não mais volta neste rosto

Depois de chorados, desolados tantos ais...

Sê sóbrios, então, nesta incólume loucura

Sem freios, nem ao menos um pouco ser lembrada

Pois passam como o vento que, em vão, a sós procura

Seu fim, triste ida, na parede dissipada

Por que sois tão sérios sem ser compreendidos

Se nesta brincadeira enfim são esquecidos

Em cada canto uma dor, uma pausa a esquecer

Da dor e dor amor que se vai sem perceber?

Então vão, porém não se esqueçam de lembrar

Do que lhes dá valor sem ao menos se cobrar,

E saibam, enfim, nesta vida transloucada

Que louco é só aquele que acredita nesta vida!