Confissão e proposta.

Confesso:
morro de medo do meu destemor.
Ele me afronta, me expõe em desafios,
apronta, ignora meus calafrios.

Morro de medo do meu destemor.
O danado não toma jeito,
parece que quanto maior o pavor,
mais ele estufa o peito,
mais intenso é o seu efeito.

Morro de medo que meu destemor
um dia de mim se canse
e eu nunca mais o alcance.
Meu parceiro de vida inteira,
não foi escolhido, foi absorvido,
percebido, assimilado.
Senti o seu agir, sem imposição:
"Estou aqui, você queira ou não".
Minha tábua de salvação,
tão presente, tão forte,
tempo todo ao meu lado.

Quanto maior o monstro
mais feia a assombração
mais meu destemor me cega
enfraquece minha visão
minimiza riscos, subestima perigo
me mantém consciente
mesmo assim me pega
joga na arena
mas, com zelo e amparo, fica comigo.

Eu e meu destemor
meio relação de amor.
Meio norte,
traz vento forte,
sensação diferente
do que vejo em tanta gente.
Com ele,
por ele,
me sinto alguém
com mais coragem
de ir ao encontro do Bem.

Meu destemor,
agora inverto o trato,
proponho um pacto:
Se com você for mais fácil
quem sabe encontrar um amor
vou achar muito bom, também.
Isso é fato!
Lucia Sant ini
Enviado por Lucia Sant ini em 22/01/2011
Reeditado em 04/02/2012
Código do texto: T2746001
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