NESTE DADO E IMPRECISO MUNDO

Neste dado e impreciso mundo,

onde me encontro, e à Sorte, infecundo,

minha alma, que nada quis,

teima, como num fado, em ser meu juiz.

Quero antes os grandes montes,

onde medra a erva, e nascem as fontes,

e se um querer dormir-me, vier,

que traga o sonho, e ao que souber.

Nado ou posto sol, no cais, terá mil águas…

e de remos perdidos, transtorno de mágoas –

que são como folhas a secar, depois a cair,

donde lhe nasce a raiz, e todo o seu sentir.

Então irreal, e em erro, farei meu caminho,

de mim, para comigo, vizinho –

estrangeiro de mim mesmo, e ao que sou,

buscando, talvez, aquela, que, um dia, me amou.

O resto é nada:

como uma ida, sem volta.

Jorge Humberto

06/01/11

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 06/01/2011
Código do texto: T2713040
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