na verdura das matas por onde agora eu cavalgo
relembro das altas montanhas antes do dia raiar
quando seguia as marcas sobre a terra virgem
em busca das lenhas grossas para minha fumaça
e tenho saudades dos tambores, ritimados e marcados
que acompanhavam no canto sagrado para o sol
minha voz grave de xaman transfigurado
e suas vozes melodiosas de indias descalças
formando a atmosfera que me fosse propícia
para voar como voam as águias
ou correr como correm as panteras
e encontra-las adiante sobre um galho
lindas e coloridas araras, ou as vezes como folhas da samambaia.
me ouçam no silencio dos seus corações
e não deixem que brotem o liquor da discórida
pois desse humor o mundo anda abundado
mas peguem de seus cocares e suas sementes
e dirijam para pastar os animais
ou façam o caldo que faz forte o bravo
amamentem as crias que sentem fome
e cantem para o guerreiro adormecer
de longe muito longe, espreitem o temporal
leiam na lua e nas estrelas a sabedoria ancestral
e me levem no pensamento, na boleia ou no embornal
mas me levem consigo, onde forem em todos os locais
para que eu seja visto e distribuido como um manah
trago a cura para a dor e para o coração eu trago o perdão
e se ainda faltar eu ensino plantar e colher a paz
Eu Sou
Caius Lucílius