O Desentendido

Desentendido,

De tanto querer explicar...

Qual foi, qual foi o motivo,

Me ponho a perguntar:

Que te fez largar a mão

E desistir de me escutar?

Falamos vinte duas mil,

Quinhentas e trinta e três

Verdades e desmentidos,

E procuramos nos justificar

Com outro tanto de coração ferido...

Dei três mil, quatrocentas e sete

Desculpas para o que aconteceu

E nem assim, ao que nos compete

A razão certa pra nós apareceu.

E partimos, um para um lado

E o outro, pra outro

E vivemos, e sorrimos, e choramos

Em nosso cotidiano atribulado

Entrou ano, saiu ano,

Mas às vezes ainda lembramos...

(Precisou passar tempo,

Precisou vir o vento

Secar as lágrimas,

Trazer alento,

E outras coisas...

Precisou a vida correr

Levar uns sonhos embora

Trazer outros na esteira

Precisou tanto acontecer

Pra permitir que o agora

Desse a bênção derradeira.)

E às vezes, ainda lembramos.

De um tempo anterior a esse,

De outra vida, de outros planos

Que esperávamos, acontecessem...

Mas foram-se os desentendidos,

E se chegaram os aprendizados

Hoje, posso até ficar perdido

Mas muito melhor orientado

Não mais incompreendido,

Nem tampouco contrariado.

Hoje eu volto a estar contigo,

Que coisa boa, você do lado.