CRIANÇAS SEM INFÂNCIA

Dou por bem gasta

minha saliva

o verso realista

dos que sofrem na pele

a atrocidade da fome.

Dou por bem escritos

meus versos

quando apelam

à boa nutrição dos

que não têm o que comer.

Dou por acerto

meu poema

quando chama à realidade

realidade tão atroz

quando o seu fundamento é a fome.

No focinho da palavra

revejo meus versos

implorando

que olhem para as crianças

com olhos de ver.

Meu lamento é maior

quando não fazem causa

dos tormentos das

crianças que imploram

por um minuto de atenção.

Não durmo não como

porque meu organismo

não consente

e minha inteligência é

afrontada com a falta de pão.

Que as crianças sejam

protegidas do arrivismo

do Homem contra

os senhores da guerra

que levam os petizes à fome.

Para os terem de seu lado

crianças guerrilheiras

que não sabem da inocência

nem de sonhos

e uma cova é a sua casa.

Para quando esta falta

de impunidade dos senhores

dos países ricos

que fazem olhos mortos

ao que se passa ao seu redor.

Jorge Humberto

24/06/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 25/06/2010
Código do texto: T2340629
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.