Na memória do meu coração

Começou muito cedo

Não sei se por alegria de viver

Ou talvez até por medo

Quem, sabe medo de as perder?

As lembranças ficaram, enlaçadas

Com cheiros e gostos, e azuis do céu

Os desenhos de giz nas calçadas

A mordida do inseto, e sua dor cruel

Um ou outro choro, uma noite em claro

Pessoas indo e vindo, um verão quente

O quintal verde, orvalho, um animal raro,

Uniforme, escola, conhecer a paixão ardente...

Um desenho no papel, uma música na cabeça

O brinquedo favorito, um jogo aprendido

Plantar uma semente, esperar que ela cresça,

Um irmão que retornava, um riso adormecido

Na memória do meu coração

Mora parte do que hoje eu sou

Tristeza e felicidade em comunhão

Alguém que acertou, alguém que errou

E cada paisagem ali arquivada

Com carinho e cuidado guardada,

Trazendo pra hoje alívio e alento

Inspiração a muitos dos sentimentos

Que tenho em mim para expressar,

Mesmo em uma segunda comum

Me dão vontade de vir versejar

E deles lembrar, um por um.

Na memória do meu coração

Moram alegrias e sofrimentos

Magia de varinha de condão

E o choro de alguns momentos

Mas, mais do que isso, ali vivem

A essência do que hoje eu sou,

E do que ainda irei me tornar

Em meu coração sobrevivem

As memórias de alguém que amou,

E ainda muito vai amar.