Tigre

Nasci no escuro da mata,

Sedento de carne e de sangue

Felino raiado, de redonda pata,

Mortal na neve, mortífero no mangue

Fui demônio, fui sábio, fui um deus

Sou a sombra na memória da aldeia

Que já deu fim em muitos dos seus

Sou agente do destino, e de sua teia.

Sou vários poderes encarnados,

Sou belo e terrível de se ver

Sou terror que finda os seus pecados

Ou mais perfeita visão de seu prazer...

Meu pelo, feito de sombra e sol

Meus olhos, portas a outra dimensão

A minha voz, que faz calar o rouxinol

E minha força, que não encontra oposição.

Sou senhor de mim, majestoso, seguro

Não conheço medo, apenas a mágoa de ti

Pois jamais temi pelo meu futuro

Até o bicho homem aparecer por aqui.

Sou tigre, estepes, florestas, montanhas dominei

O rei da Ásia, força encarnada, silêncio mortal

Hoje meu futuro é incerto, do amanhã não sei.

Talvez meu reinado já se encaminhe ao final.

Mas até que o último de meus irmãos se vá, tão cedo

E com as sombras da floresta se junte enfim,

Influenciarei aos homens, com fascínio e medo

E os farei se arrependerem de desejar meu fim.