ENCHENTE DE INSPIRAÇÃO

Quando a inspiração

me invade, transcende

demarcações, fronteiras,

fico a beira,

de uma hemorragia

poética.

Acende

o sinal verde,

verto versos

em profusão.

qualquer tema,

é propício,

exótico, banal.

só dar o início,

o fim é raro

acontecer.

uso tinta, estilete,

batom, canivete,

canetas imaginárias,

papéis invisíveis,

muros cinzas,

espelhos partidos,

corpo da amada.

topo da montanha,

insana sanha,

desatada sangria,

verto poesia,

por poros,

fendas,

suor.

furor mental,

vírus quase letal,

bem crônico,

meio atônito,

produzo cantos,

em grande escala,

para consumo interno;

exportação global,

não para,

nem sara,

do céu ao inferno,

do inverno ao zênite,

intermitente,

infindável,

não tem cura,

dura

mil luas cheias

de poemas,

imortais!

[gustavo drummond]