RETRATAMENTO

Se o supor-me, supor-me algo aqui

tivesse efeitos superlativos

supor-me-ia um ser mais

forte e sem contradições

onde tudo o que escrevesse

tivesse forma activa e interactiva.

Mas falho de mim fico muito aquém

dos conselhos e caminhos

que desbravo, para uma nova

sociedade como para fazer chegar

a voz ao povo injustiçado e sem grito.

Sinto-me um arrivista, que não

faz o que se espera dele, sempre

à espera que a palavra poesia

caminhe por si só e desate os nós

das incongruências e catarses.

Longe do que poderia ser

não fora a minha covardia, como

certo só este amor que corre

feito louco no meu peito

e escarra nas portas fechadas

com um simples gesto de ombros.

Há um provérbio que me define

actualmente «faz o que eu digo mas

não faças o que eu faço»…

Ser sem escrúpulos, demagogo,

deambula como verme que

rasteja por debaixo da terra,

assim sou eu meus amigos.

Ah, mas como aqui, a depressão!

Jorge Humberto

04/01/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 05/01/2010
Código do texto: T2012760
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