DESABAFO
Por que sentimos a vida como se fosse escapar a qualquer instante?
Por que amamos e rimos e choramos e mentimos e confessamos
todos os dias e todas as noites e todas as horas
sempre e sempre e sempre
reclamando, sussurrando, silenciando...
Por que sentimos a vida como se fosse não nossa, mas de outro?
E corremos os riscos e não tememos os erros e avançamos no estreito
como se nada e ninguém pudessem parar ou diminuir a marcha e a vontade?
É assim mesmo, dirão alguns!
Não é nada disso, dirão outros!
Mas o poeta pergunta uma vez mais:
Por que tomamos a vida como uma corrida frenética
se sabemos que não há prêmios ou troféus ao final?
O que há não sabemos!
Por que respiramos cada pedacinho de tempo
e não lemos
e não vemos
e não reconhecemos
e não criamos
e não entendemos
o nosso próprio ser!