MEA CULPA

Fogueira de exibição,

Teorema, corolário,

Verso que é verso

Tem de ser ordinário,

Por favor, não me digam

Que não!

Que me vale ser versado,

Ter selo polifórmico

Na parede a adornar,

Se meço o que verso,

Nem verso nem meço,

Fico afónico,

Com um poema por castrar.

Ah, mas poeta, não quer elogio,

Dêem-lhe antes o que comer,

Sentem-no à vossa mesa,

E a perguntar destas coisas

Da vida,

Porque diz ele do sol o frio,

Ou da tormenta a bonança,

Façam-no sem concordância,

Que poeta que é gente

Também anda como nós ao arrepio.

Não! Antes a indiferença,

Que poeta sem presença!

Jorge Humberto

(07/09/2003)

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 11/07/2006
Código do texto: T191887