O POETA E O MENINO
O poeta sorri e estende nas mãos do menino um caderno.
Um caderno amarelado, velho, amarrotado...
O menino observa, toca suavemente cada página, sorri...
A poesia aos olhos de quem vê...
E pergunta o poeta a todos: o que vês?
O noturno,
A madrugada,
O riso,
A fonte,
O grito,
O nada.
Aonde vai o rio que corre à sua frente?
Corre para todo lugar...
Entra na casas, nas vidas,
Faz-se palavra... Uma semente do sonho esperado
Jogado a terra,
Pela chuva, fecundado...
O mesmo sonho invade a terra, penetrando-a, acariciando-a...
Invadindo o mar...
Que poema pode resistir ao mar?
O menino encerra as páginas contemplando o que foi lido...
Caderno fechado, imaginação aberta...
Longe observa na abstração de tudo o poeta a correr os trilhos,
O poema a sumir no mar...