QUINTA DO MOCHO

De beleza despindo, as áreas circundantes,

terrenos baldios, com seus prédios inacabados,

onde tijolos nus, se misturam, com o ferro

armado, retorcido e à vista, de quem passa,

de há muitos anos, albergam miseráveis

habitações, de inúmeros imigrantes,

oriundos de países, da grande mãe África.

Caminhar, no interior, de um destes prédios,

que deixaram, por acabar, é um risco diário,

mesmo para os que lá «vivem», pois que,

às escadas, falta corrimão e a tão necessária

electricidade, inexistente, de todo.

Então,

conforme se vai subindo, ou descendo, de

um para outro andar, ou simplesmente tentar

sair do edifício, prestes a ruir, resta às pessoas,

procurarem, pelo tacto, as paredes, tentando

equilibrar-se, sentindo, debaixo de seus pés,

tijolos e pedras, caírem estrondosamente, na

boca profunda e negra, do monstro.

Cá fora, saindo do que deveria ser um prédio

habitável, o cenário não melhora, e ali se juntam

as pessoas, perto dos restos distorcidos do ferro e

do aglomerado de tijolos partidos, espalhados

entre montes de areia e de terra ressequida,

rodeados por extensas poças, de água morta, da

cor da lama, que tudo suja e torna intransponível,

o livre movimento, de quem ali reside, e, todos os

dias, se levanta, a caminho de seu trabalho, feito

de uma exploração, intolerável.

Por tudo isso, vivendo entre escombros e sujidade,

das águas o intenso fedor, de onde explodem,

centenas de insectos contaminados, à mistura com

cães, cheios de sarna e de outras doenças, não tendo

mais onde brincar, é que as crianças adoecem, a todo

o instante, enfrentando febres terríveis, sozinhos,

com suas mães, pois que, a maioria, não tem papéis,

para que possam vir a ter uma criteriosa e merecida,

assistência médica, como qualquer ser humano.

Jorge Humberto

06/02/09

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 07/02/2009
Código do texto: T1426999
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