Sombra e Luz
Quando um mal preenche o coração de um ser
E só esse mal dá a ele razão de viver
Tudo que vê, crê conspirar contra si
E pensa ser mal tudo que há por aí
O mal a tudo que é do mal identifica
Inseto que em mal torna tudo que pica
A maldade, que de tanto exercitar
Incrustou-se no cristal do seu olhar
Até o que foi dito há muito, muito tempo
Que esteja escrito em antigos manuais,
Julga ele que há conspiração mordaz
A perseguir seu mórbido intento
E que não adianta nem tentar falar
Convencer, pra quê, deixar a língua gasta?
Basta saber e bem certo estar,
Que ao mal, a quem dele vive, o mal basta.
E antes da intriga que vem veloz e certeira,
E de uma falta do que fazer sem precedentes,
Atire-se uma flecha mortal, derradeira
Escudos se erguem, de todos os prudentes
E quando suas flechas se acabarem
E ao próprio exército tiver atingido,
O mal verá suas forças murcharem
Ao vislumbrar seu próprio corpo ferido
Pois ao mal não há o que se exigir
Do mal não há o que se esperar
Da luz, ele tenta toda luz exaurir
Pois que o mal vive só para sugar
Mas sua gula egoísta é sua ruína
Desse excesso de luz, já se põe a inchar
Se fartando da luz escreve a sua sina
Enredando na trama de seu próprio tear
Até que de tanta luz,
Venha a se iluminar
Então esse mal,
por seu próprio mal,
cheio de luz, findará.