Levanta e Anda!
Quero uma poesia
capaz de ser mutante
Que seja feia, deselegante
Ou que seja bela
Como a flor amarela
de plástico na estante
Quero uma poesia
Que faça suspirar
E traga alegria
à moça no bar
Que a leve a viajar
Por outra dimensão
Onde passeia um amor
de mãos dadas com a razão
Quero uma poesia
Dura, seca e profunda
Que faça levantar da tumba
Mortos-vivos como eu
Que sem poesia viveu
Por longos e prosaicos anos
Mas que um dia acordou
Jogou de lado farrapos e panos
E saiu por aí rimando
Esbarrando e tropeçando
Mas ainda assim se mexendo
Morto-vivendo e aprendendo
E sigo prestando tributo
A essa vida pós-sepultura
Poesia de um prostituto
Embriagado em cultura.