Chave dourada
Eu gosto de liberdade, apesar de saber ser impossível tê-la completamente, mas vivo livremente, quer dizer, livremente preso, pois para uma mente como a minha, não existe prisão, seja ela de que tipo for, sonhar é o caminho... É preciso saber sonhar, para isso faz-se mister um grande esforço, uma verdadeira destruição íntima, uma implosão das coisas que nos ensinaram a ser... Dos escombros daquilo que um dia fomos, é que nos construímos, nós, nós mesmo senhores de nossos pensamentos, sonhos e realidades. Somente após a iconoclastia que podemos fazer, feita, é que se nos revela a nós, a consciência de nós mesmos, e ela é o grande tesouro, a chave dourada capaz de abrir a porta para o grande enigma, difícil de ser decifrado, que habita dentro de nós, e que, como cegos, a maioria não pode, nem imagina ser possível encontrar a chave, tão pouco desvendar o enigma. Por isso andamos sem saber para onde, inconscientes de nós mesmos, somos como que tocados por pastores de ocasião, como ovelhas, amigos e amigas, como ovelhas que vão ora, levadas por esse ou aquele pastor, a beber água, ora comer ração ou flora, ora, oh! ao matadouro... E aqueles que nos chamava com tanto carinho, o pérfido, um querido pastor que nos passou a mão na lá macia é o mesmo que nos sangra, que nos degola, e, em última instância, o que nos devora a carne... Digo a todos que cada um deve ser seu próprio pastor, cada um deve seguir seu próprio chamado, e ser senhor de si mesmo, construindo seu próprio destino, porque se assim não for, caros amigos, amigas, eis que estás perdido, estás perdido... Porém, antes que está perdido, pior é não saber disso, e não tendo esse saber, não o sabes, a sabes que estás perdido, que estás perdida, isso é a cegueira que eu desejo tirar, com toda a força dos meus corações, dos teus olhos... Apenas o consciente sabe se perder... Tchau queridas ovelhas, não seria eu vosso pastor...