Momentos...

O céu azul encantador sem um traço de vento,

O sol brilhando já alto naquela manha de Verão,

Desci do carro, prestes a enfrentar a banalidade

De mais uma festa de tramas, ilusão e insanidade

Ao fechar a porta… do nada senti um leve puxão,

Segui a pequena mão e o braço que me segurava

Para me deparar com um sorriso e olhos tão doce

A me olhar, implorando por um pouco de atenção

A criança não falou, mas na verdade não precisava

Porque sua história estava estampada no seu rosto

Repleto de lama e nos seus olhos carregando a dor,

Seu corpo escravo do trabalho, suas vestes doadas

Me sentei no chão e a acarinhei contra meu peito,

As lágrimas caiem sem esforço… sem preconceito

Enquanto olhava ao meu redor para esta crueldade

Chamada de mundo mas na verdade, desigualdade

Vi a mãe da criança ao longe no meio de tanto lixo,

Catando e separando o que encontrava para comer

Guardando essas coisas que para nós não têm valor

Mas que para ela eram mais que um simples viver…

Me aproximei com a criança ao colo, ela se assustou

Me olhando desconfiada, mas logo depois me tocou

A alma com o mais puro e mais simples dos sorrisos,

Que me emocionou e me tocou ao ponto de chorar;

Conversamos do nada com a mais bela simplicidade,

Momentos passados a falar… a escutar… e a rir…

Instantes de cumplicidade e de felicidade sem nome,

E até hoje momentos dos mais felizes da minha vida

Quando me despedi, a menina me abraçou com carinho

Um carinho sem intenções, nem falsidade mas tão vivo,

E ao ir embora nem me atrevi a olhar para eles tão duro

Foi deixar para trás essa nossa felicidade compartilhada

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"Espelhos da Vida" Aug. 2008

Salomé
Enviado por Salomé em 22/08/2008
Reeditado em 22/08/2008
Código do texto: T1140771
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