Oceano em mim

Tenho medo de formar palavras

e, de repente, descobrir o que sinto.

Me perco no labirinto que projetei,

esqueço o caminho, dou voltas,

ando em círculos infinitos.

Caio sempre no mesmo lugar.

À beira de um oceano,

sou puxada por Yemanjá.

Resisto à sua força, sinto as ondas,

a água cobrindo meus pés.

Fico parada, não vejo minhas pernas,

não vejo meus braços, não vejo nada.

Apenas o céu azul e as nuvens, a bailar

acima de mim. Flutuo na água, esqueço

onde estou e vou para longe, bem distante.

Me torno mar a contemplar, sem peso,

sem controle, sem pensamentos,

segura nos braços de Odoyá.

Ela me guia pelos espaços represados e

enclausurados. Me ensina que não há

o que temer: posso transbordar.

Não irei me afogar ou invadir ninguém,

mas sim tornar-me imensidão.

Água que desagua, nascente que nunca seca,

abundante, vira cachoeira, forma rio,

seguindo para o seu destino: oceano.

Rafaela Andrade
Enviado por Rafaela Andrade em 20/11/2024
Reeditado em 20/11/2024
Código do texto: T8201387
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