Primeva Primavera
Quando criança, sonhava em me tornar florista
Em uma inexplicável contemplação da natureza
Só se poderia sentir a simplicidade da emoção
Como quem furta-cor nos recantos da beleza
Ser em flor, broto que há de desabrochar
Criança-poeta e aprendiz em metamorfose
É o olhar que admira e no futuro mira fazer
Na direção do amor que sonha permanecer
Mas a chuva chega em arroubo juvenis
Na alma florida de pequenos girassois
rega a semente que tão breve espalha
o querer lado a lado, o estar a sós
Amadurece o fruto no solo caído
Doce ventura é a hora de colher
Encontram-se se as respostas
Que o destino irá reescrever
Alegre estação de encantos
Mas as pétalas, já não as levo
Tão à sério quanto uma lágrima
Ainda que bela a flor que carrego
É o canto dos pássaros que sigo
Antes da cor sépia se avizinhar
Anunciando as folhas que caem
No outono da brisa a me soprar
Relembro o frescor da graciosidade
nos pomares da infância em meninice
com a fragrância da sina que me enleva
aguardando nova primavera em meiguice