PRISÃO DO SILÊNCIO
Nasci livre,
cresci cantando
anunciando alvorecer.
Disputava com outros
um avoar em correr.
Quem ia mais longe
Cantava melhor,
subia mais alto
E sorria com o bico.
Sem perceber,
fui capturado,
da liberdade levado
da floresta arrancado,
Por mãos nem sei de quem.
Fui forçado cantar
para de fome não morrer,
criei até plateia
que vinham ouvir meu canto,
mas eu não cantava de alegria
e sim de tristeza.
E assim,
fui conhecendo
a maldade que o homem é capaz de fazer.
Trancado e só,
a vida passou.
E, no silêncio da tristeza
pela falta da natureza,
Ali calado morri.