LAGOA E CHAPADA

LAGOA E CHAPADA

 

Haviam patinhos na lagoa,

Tínhamos peixes, rãs e sapos,

Mas a cobra estava de boa,

Descansando sem sobressaltos.

 

O pescador chegou sem alarde,

E pensou entre anzol ou rede,

Pois já era o final de tarde,

E as onças estavam com sede.

 

Se não fosse o perigo sutil,

Ele iria pescar noite adentro,

E rever a coruja e seu pio,

Pois ela faz parte do evento.

 

Bem mais tarde foi para casa,

Que ficava numa breve colina,

E, chegando, pôs lenha na brasa,

Mas tratou de ver sua menina.

 

Era como tratava sua esposa,

Com o carinho de uma filha,

Resguardando-a de cada raposa,

Caso fossem passear na trilha.

 

No seu cantinho de aconchego,

Passava todas estações do ano,

Como alguém que tivesse emprego,

Laborando num campo baiano.

 

Tudo isso era lá na Chapada,

Onde a Bahia é mais altitude,

Onde há frio pela invernada,

Mas tem água e muita virtude.

 

Entre os rios, rochas e cavernas,

Na Bahia também há um cerrado,

Onde brotam bromélias nas serras,

E tem buracão e poço encantado.

 

Lá tem uvas, trigo e mil frutas,

Como tem cachoeiras belíssimas,

Só faltando narvais e as trutas,

Tendo flora e fauna riquíssimas.

 

Lá é a morada de guarás e onças,

Onde as abelhas não têm ferrão,

Lá tem catingueiros e danças,

Tem mistério, tem fé e grotão.