A VARANDA

(20/06/12)

 

 

Reformas recentes na casa retiraram as portas de madeira que separavam as varandas do quarto, no andar de cima, e da sala, no andar de baixo.

 

 

Quando a noite chega, 

 

aquela luz que ficava lá fora,

 

com os bibelôs de mães,

 

as artimanhas das mulheres,

 

os sinais da vida,

 

invadem e inquietam os sons do meu silêncio.

 

 

 

De ferro, três ferraduras.

  Com a casa, o caracol.

    De gosto, Manjericão.

 

Quatro patos de madeira.

   Alguns ninhos de Rolinha.

      Vaso branco com salsinha.

 

Duendes de porcelana.

   A Casa de Marimbondo.

      Colunas, bambus no chão.

 

 

Rede, pano, o Ceará.

   Besouros e mariposas.

      Verdes, e Rosas de Pedra.

 

Uma panela de barro.

   As formigas diuturnas.

      E o chifre de veado.

 

Antiga jarra de estanho.

   Saltos de sapos e rãs.

      Xaxim, samambaia chora.

 

Cesto trançado de palha.

   Lagartas e centopéias.

      O bem cuidado Bonsai.

 

Família, brasão de couro.

   Morcegos malabaristas.

      Em junho, Flores de Maio.

 

 

 

Bem vindo, sisal e rendas.

 

Lagarta, quente e bela.

 

 

Cheirosa,

A Dama

da Noite,

 

Guarda corpo patinado,

Entra assim tão sorrateira

Pelo espaço da soleira.

 

Me esperta, deita ao meu lado.

 

 

Varanda. Separa e Une.

 

Translúcida, 

sonhos sem fim.

 

Traz vida com seu perfume.

 

Me embala. 

Se apossa de mim.