TEMPO E ESTRELAS

TEMPO E ESTRELAS

Estive na concha do tempo,
Trancada no fundo da corte,
Eterna e distante do vento,
No intento de vencer a noite.

Rastejando meu corpo ápode,
Esgueirando num fundo atol,
Me escondi como um caçote,
Ou um lobo temendo o Sol.

Certa vez enfrentei cachalotes,
Sendo lula gigante no mar,
E o fundo abissal me deu sorte,
Quando o algoz foi respirar.

Já pensei ser só um mamífero,
Semelhante à baleia ou golfinho,
Mas o mundo é tão magnífico,
Que permite que eu tenha um ninho.

Desse modo sou peixe ou ave,
Frente ao mar que se enche de mel,
Com um barco ou uma astronave,
Perfurando as colméias do Céu.

E assim cruzo as nebulosas,
Na poeira de estrelas que vejo,
Que acendem noites fabulosas,
Pela estrada de leite sem queijo.