Ciclo sines(anes)tésico
Doce aroma camurça
que os jardins exalam
amaciando o ruído sujo
que amarga a cidade azul
perfumes fundidos em véus
esfarelam a solidez da lembrança
que trazem lúcidos na superfície
irradiante da magna luz dispersa
confundindo os gestos em papilas
não há um só corpo rígido
que não tombe ao som obtuso
da mente que ardente
revolve o sentir como solo apalpado
com mãos grossas de marcas solitárias
impressas na ferida profunda e inquieta
que avermelha em ecos secos o chão
e esverdeia o sal do mar sedento
pela Terra, sua saudosa amante
penteada em brumas vivas de
doce aroma camurça
que os jardins exalam