PARA OUVIR O VENTO

PARA OUVIR O VENTO

A memória do mundo,
Muito além do que penso,
Vai do ano ao segundo,
Num minuto intenso.

Enquanto chove no vale,
Ou tudo seca no pasto,
Pois a água não cabe,
Num terreno sem lastro.

Então vou singrando,
Por onde nada o bagre,
E já vou circulando,
Sendo como um padre.

Pois ele não casa,
Com uma só ave,
Pois o que lhe abrasa,
É ser como astronave.

Que viaja pelo tempo,
Enquanto houver espaços,
Para ouvir quando o vento,
Mostrar a guia dos passos.

Que lhe sopra em parábolas,
Ou vos conta os itans,
Se interpreta as runas,
Com o chá nos divãs.

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