O JOÃO DE BARRO E UM TAPETE FELIZ

O JOÃO DE BARRO E UM TAPETE FELIZ

Numa certa época do ano,
após florar docemente para os colibris,
João de Barro ali também faz o seu canto,
Com os bicos deixando uma porta abrir.

E o jambeiro como por um encanto,
despetala suas flores num tapete feliz,
Que rodeia seu tronco como um manto,
Para alegria de todos com sua matiz.

Bem de frente ao lago, barragem, remanso,
Não me canso em admirar o que vejo,
Pois meu olhos ficam num lampejo,
Só flagrando os João de Barro num triz.

Pegam barro e galhos na ponta dos bicos,
E como um maçarico soldam o seu lar,
Pra parceira gerar e por ovos, um encanto,
Bem diante do lago que não foi eu quem fiz.

Esse lago outrora nutria um alambique,
Da aguardente Bentinha, era a boa cachaça,
Mas os tempos são outros e já se foi o moinho,
O que ficou foi João e seus ninhos na beira da mata.

É o jambeiro de sempre espalhando raízes,
Com o vento jogando no chão suas flores,
Junto com os seus frutos, gostosos sabores,
Trazem também colibris, lavandeiras e amores.

Mas o que me entristece só sei pelos velhos,
Antigos parentes e até os meus pais,
Que ali o tucano, o sagui e a araponga,
Voavam e saltavam zoando demais.

Mas os tolos que não enxergavam pra frente,
Sangraram as matas caçando de noite,
E deixaram a Mata Atlântica bastante doente,
Que a vassoura levou o cacau sob açoite.

Publicado no Facebook em 15/06/2018