OBRA-PRIMA-VERA
A natureza pincela
Delicadas fragrâncias especiais
Dedicadas espécies de florais
Que ultrapassam todos umbrais
Da anímica janela
Colorida aquarela
Que pinta de perfume
O pincel se faz lume
Se faz lume o pincel
E como de costume
Cai do alto do céu
Uma odorífera iluminação
Nas flores da nova estação
Florida
Em tons de
Margarida
Em bemóis,
Girassóis!
Ao som da madrugada chuvosa
Cai em gotas e pétalas de rosa
Um orvalho de aromas sem fim
Uma nova fornada
Uma doce florada
Depois da invernada
Chega com o manto de jasmim
Perfumes são o desagravo
A consumar-se os martírios
A consumir-me em delírios
Na terra em que lavro
A beleza de um cravo
A delicadeza desses lírios
E fora das mentiras e calúnias
Apenas verdade na consciência
Nova estação flori de petúnias
Meu coração sorri em hortênsia
Assim é
A estação das flores
Que tece em malhas
Uma rede de amores
O balançar de dálias
E entre as vindas e idas
O embalar de orquídeas
E com a suavidade da bela
E a força magistral da fera
Como num filme de cinema
A vida renasce nesse tema
E aromaticamente nos anima
É, portanto, uma obra-prima?
Mais do que isso:
Dessa nossa terra, que é esfera
É a mais linda obra-prima-vera!
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
(Direitos reservados. Lei 9.610/98)