BEIÇOS DE RIOS
Deixei nos beiços de um rio, uns tacos de poemas em forma de pedras lavadas pelas lembranças da criancice que guardavam meus sonhos.
A correnteza lavou, e levou as palavras, mas deixou nas pedras o recordar desses momentos tão puros de beira de rio.
O barulho do correr das águas nas grotas correntes, ainda posso ouvi-lo a correr em direção de poças maiores até o desaguar da cachoeira que canta os meus versos toda vez que as águas nela desagua.
É sonho puro de escrevente em pedras de sonhos nas águas das vontades e nas corredeiras do existir.
Desenhei na parede dos rios um lindo poema que fala de vida, de terra e de mar. Quem sabe o rio goste e leve pra bem longe nas sopragens dos ventos, uns pedaços desses meus poemas até beijar a face salgada do mar. Pois, Esse, por ser imenso, dividirá com os navios cargueiros, com as escunas e com os portas aviões que aportam no meio do nada pra vigiar o existir de tudo.
De tudo, desde o beiço do rio de onde eu estava e de onde surgem os meus pedaços de versos atirados nas águas do fazer poético, como se fosse mergulho de água doce em busca do mar, do mar... do mar... e do amar a plenitude deslizante e molhada da natureza que banha esse meu vasto pensar.