APOCALIPSE D'ALMA
Colocaram-me no caldeiram
Esquentaram o fogo...
Retalharam-me com navalhas
Perfuraram minha carne
Depois em festa, fizeram-me o que saciavam-os
Com lenha, álcool, vinagre, fósforo e fogo...
Pecaram a colher de madeira suja
Mexeram até o caldo ficar grosso
Um baba grossa e gosmenta
Formou-se até grudar
Beberam-me até se lambuçarem e se engasgarem
Com o gosto de fel que queimavam-os as línguas
Os beiços de monstros devoradores...
Da minha alma cozida.
Mas os meus pensamentos
Estão com gana de liberdade
Na ao vaporizar-se no ar
Com raios e trovões em espirito
Ei de vingar-me dos cruéis
Sem perceberem a destruição
Sem um fim...
Pois da vela nasce um chama
Que se chama
Fé e gratidão
Das benção que hão de sempre vir
Aos que fizeram-me
Morte e vida
No meio da multidão.