INVERNANDO ...
INVERNANDO ...
Seja bem-vindo, caro inverno!
Traga consigo de um jeito terno
Os agasalhos de calores
Do último verão
.
Para quando o frio à noite
No meio de todas as dores
Vier como um gélido açoite
Tenhamos um abraço aquecido
Dentro do coração
.
Juntos, no combate aguerrido
Ao congelante vento
Ao sopro bem gelado
Existe o sentimento
Dum abraço apertado
De quem está ao lado
Numa onda de amor
Suando sob o cobertor
Num ritual de paixão
.
Se aproxime, querido inverno!
Traga consigo o seu caderno
Com os desenhos de flores
Da última primavera
O melhor está
Naquilo que não se espera
Até na cinzenta atmosfera
Tu exalas seus amores
O teu doce perfume
Como um cardume
De aromáticos peixes
De iluminados feixes
De luz, de luar, de amar.
.
Não se acanhe, oh rigoroso inverno!
Traga consigo para o mundo externo
O frescor de algum vento galerno
Do derradeiro outono
Que nos roubava o sono
Toda vez que o abandono
Da folha caindo no chão
Nos lembrava dos rigores
E da ausência das cores
Daquela próxima estação
.
Estarei te esperando protegido
Com o meu verso mais querido
A poesia é maior que tudo que foi dito
É por onde vivo, amo, respiro e existo!
É o meu sentimento mais fraterno.
Seja bem-vindo, amigo inverno!
.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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