CAPIM DORMIDEIRA
CAPIM DORMIDEIRA
AUTOR: Paulo Roberto Giesteira
Capim dormideira,
No chão como abrolhos rasteiras,
Estendida feito uma esparramada esteira,
Pelo chão de cada vida as roçadas das roçadeiras;
Por um simples tocar a se fechar as espreguiçadeiras.
Para depois de um período acordar,
Da leveza a que pra nada há de sentir,
Por um tempo a que o acaso tende a esperar,
Até a hora de ela de novo no repente se abrir.
Como que na luta de capoeira a ganhar uma rasteira,
Das conversas das pessoas conversadeiras,
Das mercadorias expostas as procuras das feiras,
Das esperas demoradas das aguardadas fileiras.
Das medicinas que há em ervas como das ervas cidreiras,
Das superfícies de onde se assentam as incontáveis poeiras,
Que formam as terras, areias ou argilas das vidas das trepadeiras,
Dos conjuntos enfileirados das emparelhadas fieiras.
A quem quer as virtudes a que tens que realizar,
Das realidades pelos recursos a quem dela quer fugir,
Dos bosques a que as borboletas flutuam pelo voar;
Das trilhas pelos matagais a que um foragido a tem pra fugir.
Despertando as folhas na hora de acordar,
Acordando do sono que a fez dormir,
Se fechando quando alguém a precisão tocar,
Pra que depois intocável de vez vá abrir.
Dormideira dado a este nome pelo seu existir.