A Misteriosa Canção do Vento

Era uma bela manhã de sol

Um vento estranho e persistente

Intensificava-se aos poucos.

Nuvens esparsas se acumulavam

Deixando o céu cinzento

Pareciam invocar a noite prematuramente.

Aquele misterioso e insuspeito vento

Soprou o dia inteiro

Assoviando baixinho

Lamuriando-se em sussurros

Quem percebeu, ficou atento.

Era uma despedida

Um triste lamento:

Adeus, adeus filhos da terra

Adubos férteis de intermináveis gerações

Que cantavam seus feitos

Em volta do fogo

Um ritual da vida

Que fazia vibrar seus corações.

Despeça-te tu também, sapiens, dizia o vento,

Das florestas e montanhas

Dos campos, dos vales, dos rios e animais

E quando estiveres triste e atônito

Pela destruição que causastes

E buscares nas entranhas,

O ar que não mais existe,

Lembra-te, como enviei tantos sinais.