Rio Douro
(à flor das águas)
Sou um rabelo sem leme
nas águas à flor do Tejo,
um coração que não teme
o naufrágio dum desejo
Mas é no Douro
que eu sinto um tesouro
da coisa sentida!
Socalcos vinhedos
suportam segredos
esteios da vida
E amendoeiras
das flores primeiras
quando acaba o frio...
Depois o zumbido
do néctar colhido
da abelha e do rio.
A gente pressente
quem segue a corrente
pelo tom de voz
quando o olhar da gente
é caudal bastante
da nascente à foz