Chega uma hora na vida, que da vontade de pegar
os poucos pertences, sim, o essencial por o pé na
estrada e sumir, andar por estradas de chão, sentindo
a essência da vida e ficar mais perto da gente mesmo.
Estou com saudade de mim...saudade de onde vim,
da mata onde nasci e cresci. Preciso ficar só. Quero ir
para bem distante de tudo que me lembra metrópole.
Silencio-me para ouvir o som do mundo, ouço meus
passos na estrada, o ruído da mata às margens e isso
me conforta. Prefiro o som magistral da natureza, do
que os alardes ferozes de um povo corrompido e inóspito,
numa busca insana pelo poder. Fui feita de uma base
pura e cristalina, sou da terra, sou filha da mata e nela
construirei o meu ninho, comerei frutas no pé, tomarei
águia das nascentes, experiência já vivida com louvor,
se eu viveria sozinha lá? não. Eu vivo sozinha aqui, lá
tem os bichos, os pássaros, o vento, as árvores, as
águas em suas fontes, enfim lá, talvez eu seja mais
feliz! Se é pra viver sozinha, que eu viva lá nas matas,
onde nasci. Meu coração pulsa nas veias da natureza
tenho sangue quente e um tanto selvagem, metade
sociável e metade rústica, sou semente telúrica, sou a
vontade de integrar-me à natureza, plantar-me nela e
renascer. Dessa vez, ser parte dela, a parte mais
suave e bela como o luar e o entardecer
Kainha Brito