Mazelas
Às águas, a culpa de existirem;
Às águas, a culpa de não caírem;
Às águas, o desejo obediente
aos homens servirem.
Servirem firmes
ou se afogarem na firmeza
de que navegar é impossível,
pescar muito menos.
Quando lhe deixaram à pobreza
de não ter outras terras,
de não viver sobre serras,
de ver-se como invencível.
Quando lhe tiraram a destreza,
de fazer seus barcos,
de fazer seus arcos,
de viver como miserável.
É a seca que se impõe,
é o rio que transborda
e atingem-nos, viventes à borda
ou simples sobrevivente horda.
E a pobreza marginalizada,
afoga-se em vida,
socorre-se na morte,
Chora a própria sorte.