solar

por vezes quero fundir-me ao ar

para com o vento viajar

pelas avenidas da cidade

espalhando nuvens d'água

em matas, rios e vilarejos.

viraria parte da atmosfera,

perdida em átomos dispersos

impregnando a terra de versos

ficando em lugares altos onde vejo

passarem tempos, épocas e eras.

por vezes, seria eu solo

somente para em minha humildade

enquanto o mundo me pisasse

eu abraçaria rios e raízes no colo.

em minhas entranhas, escorreria

a água das chuvas frias,

brotaria o ninho das sementes

e passariam formigas, toupeiras, serpentes.

O solo que o mundo pisa

recebe a vida quando também finda

e de solo eu seria juntamente

ar, verde, bichos e água.

todas coisas em mim desintegradas.

No entanto, limito-me a solar

sobre idas e vindas da vida.

Eu sou apenas carne que respira

esses nobres gases e pisa em nobre solo.

Perle
Enviado por Perle em 22/03/2015
Reeditado em 22/03/2015
Código do texto: T5179084
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