Serras das Gerais
Vou passear nas serras
Subir a ladeira do Tembé
Terras altas das gerais
Cansanção, Cana Brava, Japuré...
Travessias dos rios Cedro, Angico e Cipó
Uns com água, outros secos
Coisa de dar dó
Dizem que é essa tal de ambição
Plantaram eucalipto no cerrado
Pelo dinheiro do carvão
Temo pela usura, o homem fique só
Vamos subindo o Japuré
A cana tá na moenda
Trabalha Roque, Joaquim e Zé
Escorre o suor da cana java
A cachaça fumegante
Toma uma dose da brava
Anima o cansado viajante
Vou seguir minha direção
Rumo ao alto da serra
Triste história do noivo
Ali na pitombeira
Morreu a caminho do altar
Perto da porteira
Deixou a noiva a esperar
Chegamos ao Espigão
A anfitriã na porta a esperar
Antes vou fazer a procissão
Boteco de Ninha, Manoel e Leozão
Agora estou pronto pra politicar
Arroz, pequi e caipira no fogão
Culinária do sertão a fumegar
Mas dizem ter leilão
Lá na igreja das Caraíbas
Logo depois do pontilhão
Dia da Senhora Aparecida
Prendas, assados de frango e leitão
Tem mastro com bandeira erguida
Descanso e sono na Pedra Redonda
A cama confortável foi cedida
Pelo amigo Zé Sabão
Mas o aviso veio na partida
Nessa cama outro macho nenhum dormiu não
Ao Mazin, Tide, Leodete e Zé, a minha gratidão
Domingo cedo rumo a Santo Antonio
Espera o amigo Nevistalino
Antes passo no Olímpio
Mata-burros, porteiras e o destino
Almoço pronto a esperar
Água de coco e laranja matodente
Pergunta a ela se quer me namorar
Ouço a voz de um inocente
A Tate quer aquele jovem criar?
Conta história da outra
Sua pretendida namorada
Jovem que a morte encontra
Após visita àquela morada
Vou a Merinda em Lavrinha
Caminhar entre nascentes e montanhas
Chapadão no caminho das gerais
Gabiroba, mangaba, cagaita e pitombas
Riquezas além do ouro e dos cristais
Pergunta-me um cidadão
Por que anda tanto por esta praia?
Digo sem a menor hesitação
Não é nenhum rabo de saia
É paixão pelas serras do meu sertão
Hora de à morada retornar
Vamos antes do anoitecer
Na serra o carro pode empacar
Por Montezuma é melhor para descer
Estrada do “seu” Clemente e Dona Maria
Casal amigo da Santa Clara
Lá pelas divisas da Bahia
Um café; uma prosa e vamos embora
Companheiros de jornadas
Amigos de caminhadas
contornando montanhas e verdes matas
Rumo às nossas moradas