INVERNO
Desenho na vidraça embaciada
Letras soltas, palavras sem sentido.
Ao longe, escuto o vento num rugido
Promessa de mau tempo, de chuvada.
É Inverno. Minha alma está gelada!...
Há dias que o sol anda escondido.
E sofro, porque vejo sem abrigo
Muita gente ao relento, na calçada.
Vida é dura, tal casca de uma noz.
A invernia a torna mais atroz
Amarga, para quem não tem guarida.
Corta o frio as passadas, de quem passa
Cai chuva desmedida na vidraça
Rigoroso o Inverno, como a Vida!...
Aldina Cortes Gaspar, in " O PÂNTANO"