Agonia do rio verde
Calor escaldante queimando as têmporas
Sofre o Rio Verde na sua jornada
Areias e pedras contemplam sua dor
Segue o caminho em sede desesperada
Busca célere dos tempos de fartura
Matas secas clementes aos céus
Reservas profundas de águas
Resquícios do saudoso passado
Esperança que queima o peito
Olhar perdido no tempo
Sonhos de menina teimosa
Na dormência o seu descanso
Curso de águas cristalinas
Sonhos distantes a buscar
No seu leito seco e sedento
As águas de outrora a rolar
Rio de coração ferido
Arranhado pela razão
Areias e matas ciliares
Arrancadas sem perdão
Ficou distante o sentimento
Motivo maior da existência
Que busca longe da razão
O correr suave da subsistência
Chora o incauto ser humano
Sem noção das ações
Culpa o céu e a onipotência
Não enxerga suas devassidões
Mãe natureza nos perdoe
Quanta é a nossa ingratidão
Receber tesouro para viver
Devolver lixo e destruição
O sonho irá se realizar?
Fica uma enorme indagação
Ver no sorriso das crianças
Um motivo para acreditar
Ver o Rio Verde caudaloso
Verdes margens a contornar
Admirar os pássaros a cantarolar
Areias brancas e crianças a brincar