REVOLTA DAS ÁGUAS
(Samuel da Mata)

Águas límpidas fagueiras, vivas em corredeiras,
felizes a cantar;
Planícies e florestas transformam-se em festa
sob o vosso comandar.

Águas inocentes, em um projeto indecente
vão te represar;
E seus braços viçosos, livres e vigorosos,
estão a canalizar.

Águas agora oprimidas, se arrastam sem vida,
num constante penar;
Vossa fauna sufocada, a morrer condenada,
não tem onde desovar.

Águas enclausuradas, sem canto, paradas,
jazem numa prisão,
Estais poluídas, opacas, sem vida,
cheiram a podridão.

Águas enraivecidas, revoltadas e unidas,
vão a barragem estourar,
E os restos tiranos deste casulo insano,
que se afoguem no mar!
Samuel da Mata
Enviado por Samuel da Mata em 25/10/2013
Reeditado em 07/09/2015
Código do texto: T4541713
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