CHUVA
CHUVA 111.998
No momento em que o jovem põe água no pote
a chuva desce, célere, do céu noturno,
mostrando, como a carta que vai no malote,
haver esperanças para mudar um dia soturno.
O seus longos minutos foram, nesta data,
plenos de deveres próprios de luta ingrata,
sem, entretanto, deixá-lo posto a sua sorte,
pois de longe uma bússola apontava o Norte.
Não se pense ser difícil obter firmeza
em quem desdenha de fazer fim à tristeza;
há na chuva, que persiste caindo forte,
um estímulo de inimitável suporte!
Basta vislumbrar que tem lugar em outra hora
(rolando suas gotas de onde arco-íris se aflora):
Aportaram para luzir a janela do jovem
estas águas que de de nuvens cansadas chovem!
Nuvens cansadas de esperar supremo instante
em que possam lançar gotícula que cante
(que todos a ouçam, tem tom solene, importante!)
a canção: "Lute, nada há que o amor não suplante!"
Sorocaba, aos vinte e três dias de março de 2013.