Um Sol
Um pedaço de arte
Quietude de manhã sonolenta:
poderia dormir um pouco mais?
Não é difícil de entender
O Sol penetra a persiana:
vai se deitar d’baixo da minha orelha.
Ri murmúrios, ri suspiros
Ri de tudo:
me faz rir.
E se eu acordo sem pedir
Me contento em esquecer do sonho:
que mais há além de tudo isso aqui?
Uma mesa de pedra, tabuleiro sem peças
Um vestido listrado e lápis cor-de-abelha:
posso pintar o céu?
Se posso, pinto; em tons tão vivos
Que possam torná-lo real:
uma piscina para as estrelas!
E se também desenho asas
Coloco-as d’baixo da cama:
um voo de tijolos em massa.
E se eu derramar toda a água
Direi de uma só vez:
o céu chora para nos abraçar.
Pois se este é piscina
Somos estrelas despedaçadas?
Pecinhas quebradas de um grande Sol…
Um Sol que acorda os pinheiros
Que cavalga sobre a relva fresca
Que bebica as gotículas mais doces de orvalho
Que dá brilho aos olhos dourados dos anjos
Que diz não à noite, mas que, ora, a tem!
Um Sol que inspira as artes
Sejam elas pinturas, poesias
Canções e liberdade:
Sejam elas os sorrisos das moças
Ou os olhinhos das crianças da Verdade!
Um Sol que roda o mundo
Que é o mundo e não pede licença
Para simplesmente resumir-se
Ao galo que me acorda todos os dias
Mesmo sem cantar.
[Um Sol…
Um pedaço de arte?
Ou, quem sabe
A Arte dos nossos dias…
Tão teatrais!]