Um Sol

Um pedaço de arte

Quietude de manhã sonolenta:

poderia dormir um pouco mais?

Não é difícil de entender

O Sol penetra a persiana:

vai se deitar d’baixo da minha orelha.

Ri murmúrios, ri suspiros

Ri de tudo:

me faz rir.

E se eu acordo sem pedir

Me contento em esquecer do sonho:

que mais há além de tudo isso aqui?

Uma mesa de pedra, tabuleiro sem peças

Um vestido listrado e lápis cor-de-abelha:

posso pintar o céu?

Se posso, pinto; em tons tão vivos

Que possam torná-lo real:

uma piscina para as estrelas!

E se também desenho asas

Coloco-as d’baixo da cama:

um voo de tijolos em massa.

E se eu derramar toda a água

Direi de uma só vez:

o céu chora para nos abraçar.

Pois se este é piscina

Somos estrelas despedaçadas?

Pecinhas quebradas de um grande Sol…

Um Sol que acorda os pinheiros

Que cavalga sobre a relva fresca

Que bebica as gotículas mais doces de orvalho

Que dá brilho aos olhos dourados dos anjos

Que diz não à noite, mas que, ora, a tem!

Um Sol que inspira as artes

Sejam elas pinturas, poesias

Canções e liberdade:

Sejam elas os sorrisos das moças

Ou os olhinhos das crianças da Verdade!

Um Sol que roda o mundo

Que é o mundo e não pede licença

Para simplesmente resumir-se

Ao galo que me acorda todos os dias

Mesmo sem cantar.

[Um Sol…

Um pedaço de arte?

Ou, quem sabe

A Arte dos nossos dias…

Tão teatrais!]

Ohana Lopes
Enviado por Ohana Lopes em 23/02/2013
Código do texto: T4155286
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