FLORA DEVASSA

Quem dera eu fosse uma árvore

Para me despir aos olhos da lua

Fazer amor com o sol em plena rua

E nas madrugadas frias

Sem pudor amanhecer nua

Quem dera eu fosse uma árvore

Para debaixo do céu azul verdejar

Desgalhando para se embelezar

Ser possuída pelo orvalho da noite.

Sem nunca sair do meu lugar

Quem dera eu fosse uma árvore

Para me embebedar com os raios solares

Ser para os pássaros seus lares

Em meus galhos fazerem amor

Cantando-os alegres em pares

Quem dera eu fosse uma árvore

Para o sorriso ser uma flor

De folhas, as roupas e o cobertor

Com o vento poder dançar

Sem fazer distinção da cor

Quem dera eu fosse uma árvore

Para com a terra deflorá

Minhas raízes em sua entranha penetrar

Gozar com todas minhas sementes

E em seu ventre germinar

Quem dera eu fosse uma árvore

Para da prisão humana fugir

Fazer o vegetar ser o existir

E Quando eu morrer

A terra meus filhos parir

LINO SAPO

22/07/2012

Lino Sapo
Enviado por Lino Sapo em 22/07/2012
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