Dia e noite
Dia e noite, noite e dia,
o mesmo e eterno começar:
o dia caminha seu passo,
a noite quer seu lugar.
Qual viagem sem tempo,
sem ter porto para chegar...
Dia e noite, noite e dia,
dia e noite sem parar...
De manhã, já bem cedinho,
o sol vem e anuncia,
o nascer de um novo dia.
A noite quieta e lenta,
dorme com a lua atenta,
à espera do sol se deitar.
O dia vai e a noite vem,
vem com pressa de chegar.
A lua surge contente,
cheia de si quer ficar.
Namora tudo o que vê,
não vê o tempo passar.
Quando acorda, tudo é brilho...
O sol tomou seu lugar.
É mais um dia que chega,
a noite vai se deitar...
Dia e noite, noite e dia,
dia e noite sem parar...
Há dias, que a noite é dia:
estrelas para todo lado,
o céu inteiro enfeitado,
e a lua no meio a bailar.
Há dias, que o dia é noite:
tempo cinzento e fechado,
até mudo fica o mato,
com medo do trovejar...
Dia e noite, noite e dia,
dia e noite sem parar...
Tem certa hora do dia,
que o dia não é dia mais;
tampouco, é noite também...
É o lusco-fusco faceiro,
que no instante, o derradeiro,
faz o dia por inteiro,
na noite se transformar.
O dia bem que resiste,
mas a noite, incontinenti,
algoz do sol, sem par,
joga seu manto escuro de repente
e deixa o dia sem ar...
Tudo segue o seu caminho:
Na noite o dia dormindo,
no céu, só noite e luar.
Dia e noite, noite e dia,
dia e noite sem parar...
No outro dia novamente,
o lusco-fusco vem mudar.
A noite tenta, bem que insiste,
mas não consegue evitar,
o viço do sol que nasce
e faz a noita parar.
O sol desponta radiante
e enche a terra de alegria.
Esse breve e lindo instante,
faz parir um novo dia.
A lua mórbida tomba,
calada e triste a tudo espia.
Esse momento intrigante,
torna a noite inerte e fria,
que de cansada adormece,
no frio abraço da agonia.
Dia e noite, noite e dia...
E vão pela vida afora:
O sol brilha, é dia agora;
a noite chega, é sempre assim...
Dia e noite, noite e dia,
essa magia sem fim.
(O começo do infinito,
vai à metade do além...
O fim, que é o início,
ninguém sabe quando vem.
Dia e noite, noite e dia,
ad aeternus,
amém... )
Do livro Travessia.