Infância Machucada.
Mataram uma árvore da minha infância. Meu tronco inteiro chora a ausência do seu verde.
Mataram uma árvore da minha infância. Serraram meus sorrisos de menina, derrubaram a minha voz antiga.
Mataram uma árvore da minha infância e com ela morreu a alegria daquelas tardes entre os balanços.
Mataram uma árvore da minha infância e o meu pai morreu de novo...
Era ele quem nos levava à praça nas tardes de Domingo e brincava, e sorria, e cantava aquelas canções da sua terra, enquanto a gente comia pipocas à sombra dela.
Mataram uma árvore.
Pobre praça, pobre cidade, pobre infância.
(Contra a derrubada da árvore centenária da Praça Otávio Rocha em Porto Alegre.)