AFlorada

Flores abertas,

Flores fechadas,

Virgens inocentes,

Vulvas violadas.

Rosas honrosas,

Rumando a romarias,

Pétalas preciosas,

Lançadas na pedraria.

Girassóis que giram,

Em busca do sol poente,

Guirlandas me inebriam,

Ornamentando portas da frente.

Orquídeas ostentando mistério,

Orgia de cores, deslumbrante,

Dão vida aos cemitérios,

Para alguns o aroma é nauseante.

Margaridas tão queridas,

Coloridas e divertidas,

Presenteadas feito amigas,

Simples forma que contagia.

Cravos cravados feito espinho,

Talvez pela briga com a rosa poética,

Dão a flor um gênero masculino,

Vasta composição de biológica atmosfera.

Violetas, crisântemos, begônias,

A flora diversificada embriaga,

A natureza não é de cerimônias,

Se mostra de forma despudorada.

Androceu e gineceu,

Androginismo primoroso,

Até no deserto floresceu,

São atrevidas, margeiam o horto.

Viva a semente pequenina,

Que crescendo irá encantar,

Viva a planta com espinhos,

Dos perigos tem de se cuidar.

Sirvam-se insetos,

Alimentem-se,

Tudo isso é certo,

Entreguem-se.

Pássaros também fertilizem,

Espalhem os grãos ao longe,

Façam nascer onde não existe,

Espécie reproduzida que não some.

Românticos inspirados,

Ofertando ramalhetes,

Nobreza de pés empolados,

Pisando sobre pétalas em tapete.

Desabrocha nessa rocha,

Suaviza o bruto,

Contagia o que está à volta,

Povoa esse colorido mundo.

Escorrendo de sacadas,

Que bonitas samambaias,

Nos muros das casas,

Trepadeiras enfileiradas.

Privadas em um vaso,

Contidas em pouco espaço,

Servem de modelo estático,

Coleções de caules podados.

Não queremos as artificiais,

Mas artificializamos as naturais,

Côo são belas as que não veremos jamais,

Selvagens, sem contato com esses degenerados animais.