POEMA DA LUA CHEIA
POEMA DA LUA CHEIA
Quando vem a enluecer,
tem aparição de réstias vermelhas
a amantar o céu pantaneiro.
E aquele brilho, de pouquinho,
prateia a imensidão de água
e torna cádmio os guapés.
Deixa cálido o hálito do mato.
Calam sons passarinheiros.
Urgem sibilos inaudíveis.
Zumbe a mosquitaiada, uníssona.
Da noitinha, pra mais um pouco,
rã entoa canção de uuu.
O lamento da coruja
se arranja em semitons de dó,
à estridência dos grilos cantantes.
O lobo guará afina o uivado
atento à regência do Saci-Pererê.
Tem início a sinfonia no mato.
O astro príncipe, ignorante de sua majestade,
espelha de luz esse pedaço molhado do mundo.
Lantejoulam aos milhares, rubros pontos em
corixos e barrancos, dedurando os jacarés em sua campana.
A serpentina sucuri, ziguezagueando o leito do rio,
refaz estrelinhas em águas ecológicas.
Noite à fora, pra manhãzinha,
ressurgem as réstias de Sol.
A luz prata vai virando ouro
e a passarinhada, avisando o novo dia,
encerra em multicantos o musical da lua cheia.
poema reeditado