Cardume

Lá vai o cardume,

Cheio de peixes misturados,

Um grupo se que se assume,

São seres que nadam estriados.

Vão seguindo a direção,

Feito coreógrafos,

A rota pra nós é sem noção,

Mas são peritos cartógrafos.

Vão traçando suas linhas,

Cortando o mar liso,

Vão rompendo as ondinhas,

Existe ali num natural motivo.

Seus movimentos precisos, angulosos,

Desviam em bando de um inimigo,

Atacam também assim, harmoniosos,

Se um dispersa, precisa ser reabsorvido.

Sempre existe um que se perde,

Separa do grupo por alguma distração,

É devorado e paga o preço por ser rebelde,

Ou consegue retornar ao grupo o sem noção.

É o múltiplo se fazendo uno,

Organizados em decomposições,

Cada peixinho tem seu próprio turno,

Mas agindo singularmente em suas variações.

Até abocanhados por predadores,

São engolidos em conjunto,

Subtraídos em sociedade pelos opositores,

Juntos em vida e morte, um grupo.