Poema - Jesus
Poema - Jesus
Cristo estava bêbado
Embriagado e com as mãos
Sujas de sangue
Ele gargalhava como se nada
No mundo importasse
Suas gargalhadas eram insanas
E nos seus olhos tristes e distantes
Haviam tanto ódio e repulsa
Que o próprio inferno temia o seu sorriso
Cambaleando de um lado para o outro
Balbuciando putarias e palavrões
O filho de Deus havia renunciado
A sua santidade
Os pobres e as putas que ali estavam
Não o reconheciam como cristo
Para eles, aquele homem fedendo a mijo
Vodka e gozo, com sangue pelas mãos
Era apenas mais um
Um homem
Ao passar em frente a uma catedral
Ele viu a si mesmo crucificado
Caracterizado como um homem branco
Cristo gargalhou
E entrou em sua própria casa
Aqueles que lá estavam
Olharam para ele com nojo e desdém
- Vocês sabem o que o meu Pai fez
Quando me viu crucificado
Pelos primatas que ele mesmo criou?
Gritou cristo bêbado e furioso
A catedral continuava em silêncio
Enquanto o preconceito
Rasgava os seus olhos
- Ele ficou em silêncio e virou as costas
Para ele, para o meu Pai
Vocês não passam de um projeto
Um teste, um bando de primatas no cio
Para Deus...
Não há nada mais elevado
Que a ideia de sua própria não existência
Vocês clamam a mim por ajuda
Clamam a mim por perdão
Mas quem deveria perdoa-los
Oh...
Singelos primatas
Sou eu!
Cristo discursava em meio a catedral
E ali mesmo foi morto e espancado
Jogado em meio às ruas
Cheio de sangue e feridas
Ao chegar nos Céus
Deus o recebeu pela milésima vez
De braços abertos
- Por que ainda insiste nestes primatas
Meu pai?
- A cada vez em que te crucificam
Te matam, estupram, ou escravizam
Te deixam morrer de fome em favelas
Dou a eles mais 100 anos de vida.
E aprendo muito mais sobre mim
Do que sobre eles
Afinal, fiz do homem tudo aquilo
Que eu sou.
- Gerson De Rodrigues